Sobre o Perdão: 7 Lições Do Poço Escuro

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Sobre o perdão e como perdoar

Como perdoar alguém? Como perdoar uma traição? Como perdoar a si mesmo? Por que perdoar uma pessoa? O que significa perdoar 70×7? Como saber mais sobre perdão na Bíblia?

Essas são perguntas que frequentemente recebo em minhas redes sociais. Decidi escrever este artigo e ministrar uma live ao vivo para responder as maiores questões sobre o perdão e sobre como perdoar.

Antes de começar a escrever Deus me levou à história de José, um dos exemplos mais lindos e profundos sobre perdão das Escrituras. Sua história é contada a partir de Gênesis 37.

Quem era José?

José, o filho mais novo e amado de Jacó, foi uma pessoa que teve sonhos divinos revelando sua missão e, por conta disso, aos 17 anos foi lançado em um poço e vendido como escravo pelos próprios irmãos.

Isso mesmo: pelos próprios irmãos!

Depois, já no Egito, foi lançado injustamente na prisão por uma questão envolvendo a esposa de seu senhor, Potifar. José tinha muitos motivos para ter uma vida despedaçada, amargurada e cheia de feridas.

Contudo, ele tomou decisões de elevado nível espiritual e se tornou um dos maiores exemplos bíblicos de perdão. Perdoou todos os que lhe causaram dor e teve seu nome registrado como um dos responsáveis pela conservação da nação de Israel.

A história de José é narrada nos 13 capítulos finais de Gênesis, com incontáveis lições para o nosso crescimento na fé.

No estudo de hoje, eu gostaria de me concentrar no momento que considero mais dramático da narrativa: o momento em que os irmãos o lançam no poço.

O poço da história de José provavelmente era um poço abandonado. Era um lugar escuro, seco e sem nenhum recurso. É certo que José se sentiu vulnerável, indefeso e com muito medo, sem saber o que fazer na situação (ele era apenas um jovem de 17 anos!).

É a partir do poço que retiraremos 7 preciosas lições sobre como lidar com ofensas, feridas, dívidas abertas e cura.

É a partir desse dolorido evento que José passou e relacionando-o com alguns ensinamentos de Cristo, que mergulharemos em importantes ensinamentos que mudarão sua perspectiva sobre o perdão.

Continua lendo o artigo para:

  • Entender que cedo ou tarde você será ofendido e ferido.
  • Saber que as dores nos levam ao crescimento.
  • Saber como e porquê perdoar quem lhe feriu.
  • Aprender a ficar mais resistente às ofensas e ataques.
  • Saber como aproveitar as oportunidades de perdão.
  • Descobrir como se ver livre da culpa e muito mais.

Será uma jornada libertadora!

Vamos iniciar com a primeira lição: você inevitavelmente será lançado no poço.

#1 Você será lançado no poço

Mas, logo que José chegou a seus irmãos, despiram-no da túnica, a túnica talar de mangas compridas que trazia, e o jogaram na cisterna. A cisterna estava vazia, sem água.

Gênesis 37:23,24

Para dar algum contexto, lembremos que José era o filho mais amado de Jacó (além de ser o leva-e-traz da fofoca).

Aos 17 anos, José teve dois sonhos que o colocavam em posição de autoridade perante sua família. Os irmãos ficaram com inveja e ódio e o lançaram no poço, o que para mim, é a parte mais dramática da história de José.

Todavia, ser lançado no poço não é exclusividade de José. Todos nós seremos lançados no poço em algum momento da vida.

“Que poço é esse, Ramon?”

É o poço da ofensa, da liberdade tolhida e da dívida que as pessoas farão conosco.

Neste estudo, o poço é uma metáfora para esse dolorido momento em que alguém contrai grande dívida conosco, nos ofendendo e nos ferindo gravemente na alma.

Não quero esconder a realidade:

As pessoas vão nos trair, nos ofender, nos abusar e por aí vai. Para você ser lançado no “poço da dívida” basta estar vivo. As relações humanas pressupõem atritos, discussões, mágoas, dívidas profundas entre muitas outras maldades.

Precisamos entender, entretanto, que a dor que Deus permite é a dor do crescimento e não da destruição, mesmo que cause angústia temporária:

[…] toda disciplina, ao ser aplicada, não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza […]

Hebreus 12:11

Perceba que antes de cada “salto na vida”, José passou por um processo de humilhação:

  • Ser lançado no poço e ser vendido como escravo o levou a ser líder na casa de Potifar.
  • Ser lançado injustamente na prisão preparou o caminho para que ele se tornasse governador do Egito.

Ser ofendido, atacado ou ferido é um processo de crescimento que todo cristão terá que passar para que seja impulsionado para outros níveis na fé.

Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, até as situações ruins!

Cito como exemplo o meu amigo Júnior Rostirola. O poço dele foi uma terrível relação com seu pai o que acabou o levando ao nível em que ele está hoje, tendo um ministério que promove cura nas famílias.

Em vez de você reclamar porque foi lançado no poço da ferida, por que você não tenta enxergar de uma diferente perspectiva? É muito provável que o processo de cura leve você para um nível mais elevado na fé.

Se o poço é inevitável o processo de perdão é sinônimo de crescimento e isso é uma boa coisa.

Tudo isso passa por entender qual é o nosso destino.

#2 No poço, não esqueça seu destino

Nova Jerusalém: um reino de perdoados e perdoadores
Tenha consciência do seu destino em Cristo.

Sonhei que estávamos amarrando feixes no campo, e eis que o meu feixe se levantou e ficou em pé, enquanto os feixes de vocês o rodeavam e se inclinavam diante do meu.

Gênesis 37:7

José sonhou e acreditou que seus sonhos eram proféticos. Ele sabia qual era o seu destino.

A Bíblia não relata José entrando em desespero ao ser lançado no poço e depois na prisão (é claro que ele deve ter enfrentado angústia). Todavia, não há relatos de murmuração, falta de fé ou atos de desonra contra Deus. A impressão que temos é que ele se manteve imperturbável na caminhada.

Isso nos ensina muito sobre termos consciência sobre o nosso destino. Nunca esqueça para onde você está indo! Não se trata de um destino terrenal, mas nosso destino eterno. Estamos a caminho da Nova Jerusalém!

Se José sabia que Deus era com ele e a missão que iria cumprir, nós devemos saber que Deus é conosco e que estamos caminhando para a vida eterna com Cristo e isso deveria mudar nossa perspectiva com relação ao perdão.

Costumamos ter uma ideia errada da vida no porvir, por isso, muitos parecem não desejar ir para lá. Talvez, porque tenham a imagem de um lugar monótono, anuviado, translúcido e com anjos cantando “Glória, glória, aleluia” para sempre. Para muitos cristãos, Deus ainda é aquele velhinho encurvado sentado no trono jogando raios para todo lado.

Esquecem que a Nova Jerusalém é um lugar puro, perfeito, de infinito amor, felicidade e plenitude de vida. Um lugar tão vibrantemente especial que é impossível descrever com nossas linguagens e mentalidades limitadas.

Por que pensar nisso? O que isso tem a ver com perdão? Muitas pessoas me fazem a seguinte pergunta:

“Ramon, se eu não perdoar não vou para o céu?”

Em primeiro lugar, essa não é uma pergunta madura. Pelo nível da pergunta nós identificamos o nível espiritual da pessoa. Uma pergunta mais madura seria essa:

“Quem está indo para um reino tão puro e perfeito como a Nova Jerusalém não perdoaria?”

Outra pergunta surge: “Uma pessoa verdadeiramente salva, que tem a natureza transformada, escolherá não perdoar seus ofensores?”

Mais uma pergunta retórica: “Um cristão que foi perdoado pelo Senhor decidiria não perdoar as pequenas dívidas que o próximo faz com ele?”

Cristo responde essa pergunta em Marcos 11:26:

Mas, se vocês não perdoarem, também o Pai de vocês, que está nos céus, não perdoará as ofensas de vocês.

Marcos 11:26 (grifo meu)

Nosso destino é um reino perfeito. É um lugar de perdoados e de perdoadores. Não dá para fugir disso.

Quem está indo para lá é quem demonstra uma natureza perdoadora, dentro de um processo de crescimento espiritual gradual.

A cada dia aprendemos a nos conformar com os princípios do reino do qual fazemos parte. Deus nos perdoou de uma grande dívida e agora aprendemos a perdoar as pequenas dívidas que as pessoas fazem conosco diariamente. Nossa vida é liberar perdão!

Russel Champlin diz:

O espírito de ódio e a incapacidade de perdoar faz parar o crescimento espiritual e anula a oração. A graça nos transforma e nunca nos declara bons se não o somos. Quem não perdoa não é perdoado.

Russel Champlin

Isso nos leva à segunda lição:

#3 No poço, não se considere “bom” o bastante

Ao primogênito José chamou de Manassés, pois disse: “Deus me fez esquecer todo o meu trabalho e toda a casa de meu pai.”

Gênesis 41:51

Já que ainda não chegamos ao nosso destino, precisamos conformar nossas vidas e evitar o sentimento orgulhoso que impede o perdão.

Uma coisa interessante é que José nunca se considerou “bom o suficiente” para não liberar perdão a todos que o feriram. Muito pelo contrário, antes mesmo de ter contato com os irmãos, em seu coração ele já havia liberado perdão.

Isso fica claro em Gênesis 41:51 quando José põe o nome de seu primogênito de Manassés (“Deus me fez esquecer”). Os 13 anos de servidão e aprisionamento agora são “águas passadas” para José. Ele virou a página e seguiu com sua vida.

Isso é um exemplo muito confrontador para nós!

José não se considerou bom o suficiente para não esquecer a dívida que os irmãos tinham com ele. Mais a frente, quando se revelou aos irmãos, desceu da posição de governador do Egito e, chamando os irmãos para perto, se colocou no nível deles para abraçá-los (Gênesis 45).

Que coração humildemente elevado!

Esse é um dos maiores motivos de não perdoarmos: o orgulho de nos consideramos “bons o suficiente”. Frequentemente, classificamos as pessoas como “boas” ou “ruins”.

Às vezes, olhamos para uma pessoa carismática e dizemos: “Ela é tão boa que só falta Jesus”.

Isso é um problema porque quem não tem Jesus não tem nada! Para nos sentir bem, nos consideramos pessoas boas porque não somos como Hitler ou Stalin, ou como um ladrão, traficante ou assassino.

Nos acostumamos tanto com a ideia de sermos bons que quando nossa honra é atacada ou nossa liberdade tolhida não admitimos. Somos orgulhosos demais para admitir uma dívida aberta contra nós.

Ainda bradamos: “Isso eu não admito. Eu não mereço isso. Não tem perdão!”

Isso responde a seguinte pergunta: “Por que não consigo liberar perdão?” Em última instância, o motivo é o orgulho.

O problema é que no dia do juízo não vamos ser comparados com Hitler ou Stalin, seremos comparados com Cristo! Por quê? Porque ele é o nosso modelo perfeito.

Se não formos achados cobertos por Cristo, “bons o suficiente” através do sacrifício dele, estaremos perdidos.

A única forma de não ser condenado é estando nele (Romanos 8:1). Portanto, se Cristo vive em nós, não temos mais o direito de não perdoar.

Quer um exemplo de uma pessoa que se achou “boa” demais? Pedro.

Em certa ocasião, Pedro pergunta a Cristo:

[…] Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?

Mateus 18:21

Pedro, ainda com a mente legalista e religiosa, buscava um limite para a “quantidade de acertos”, uma regra sobre quantas vezes se deveria perdoar.

A tradição entre os judeus era perdoar 3 vezes. Quando Pedro falou em 7 vezes provavelmente pensou que estava “acima da média”. Ele pensou que estava sendo muito generoso. Contudo, Cristo vem e remove todos os limites do perdão:

“Vocês devem perdoar 70×7.”

Setenta vezes sete indica plenitude, já não há limites para o perdão. No reino, as coisas são diferentes. Agora, nós temos uma natureza perdoadora, que perdoa todas as dívidas abertas contra nós.

Esse é o padrão elevado do Reino de Deus. Cristo trouxe um ideal elevadíssimo, mas esse é o modelo que devemos seguir.

Você pode pensar que perdoar 70×7 é uma tarefa impossível. José não só nos ensina que é possível, como ainda demonstra como ser incrivelmente imune contra às ofensas do dia a dia.

Isso nos leva à lição #4: nunca esqueça sua identidade.

#4 Não esqueça sua identidade

Identidade em Cristo
Quem tem a identidade de Cristo perdoa as ofensas.

José teve ainda outro sonho, que ele contou aos seus irmãos, dizendo: “Sonhei também que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam diante de mim”. – Gênesis 37:9

José tinha certeza que Deus era com ele.

Ele já tinha contado um sonho e os irmãos haviam ficado com raiva. Quando teve o segundo sonho, decidiu contar mesmo sabendo que haveria oposição.

Ele sabia de sua identidade em Deus, por isso as dívidas abertas contra ele não o tiraram do caminho. Uma pessoa precisa estar muito segura com relação à sua identidade para revelar previsões tão ousadas em meio a um ambiente tão hostil.

Normalmente, escutamos: “Não compartilhe seu sonho com quem não sabe sonhar”. Tão forte era a certeza de José sobre sua identidade e missão divina que ele não precisou seguir esse conselho.

Aprendemos com José a não sermos facilmente afetados por ofensas infundadas. Aprenda uma coisa: ter uma consciência de sua identidade em Cristo vai tornar você mais forte contra críticas, fofocas, mentiras e ataques dos mais variados tipos.

É muito interessante como a raiva e a inveja dos irmãos parecem não afetar José de nenhuma forma.

Preste atenção nesta ilustração:

Imagine que você está na fila do banco e alguém lhe chama de Fernando, sendo que seu nome é João. A primeira coisa que você faz é corrigir a pessoa: “Opa, como vai? Meu nome não é Fernando, é João”.

A pessoa retruca: “Você é José, não minta para mim”. Então, começa uma discussão. A pessoa acusando você de ser Fernando e você falando seu nome verdadeiro. Que situação!

A maneira de resolver a questão é pegar seu documento de identidade onde está escrito “João” e mostrar para a pessoa. Isso calará a boca dela. A verdade é uma arma contra a mentira.

De vez em quando, sou atacado com alguma ofensa nas redes sociais. É um ou outra pessoa que não concorda com o que postei e me ataca no nível pessoal.

Poucos dias atrás alguém me chamou de “ladrão” no meu inbox do Instagram, porque supostamente “todo pastor é ladrão”. Também já fui acusado de mentiroso, falso profeta, golpista e congêneres. Tudo por causa de discordâncias sobre questiúnculas, que não têm valor algum para a fé.

Antigamente, eu ficaria abalado, com o emocional abatido por alguns dias. Contudo, hoje em dia costumo “puxar meu RG espiritual” e busco segurança de quem eu sou em Cristo. Antes de ser tomado por um sentimento de ira ou raiva, eu me questiono:

  • Espera aí: sou mesmo um “ladrão” ou um golpista?
  • Essa informação condiz com a realidade ou é um ataque barato?
  • Aquilo que o ofensor falou é a minha real identidade em Cristo?
  • Vale mesmo a pena criar uma mágoa contra uma pessoa que não me conhece e que não sabe o que está falando?

Quanto mais seguro você se sente em Cristo, mais difícil será para você se sentir ofendido. Se Cristo é o nosso modelo lembre de quantos ataques ele teve que suportar sem ficar abalado. Tenho lutado para aprender a perdoar rápido tais tipos de ataques. Simplesmente, os deixo passar.

Quem não esquece sua identidade não se sente ofendido facilmente. Se você é filho de Deus e tem um relacionamento profundo com Ele não há crítica ou ataque que vá lhe derrubar. Portanto, foque em sua identidade e aprenda a perdoar rápido as dívidas que as pessoas fazem com você.

Para experimentar essa realidade de perdão, aprenda a perdoar dívidas pequenas. Como você irá perdoar as grandes dívidas se você não consegue perdoar:

  • O síndico do seu prédio que atazanou sua vida?
  • Sua sogra que lhe tratou mal?
  • Seu amigo que chegou atrasado e nem pediu desculpas?
  • Um motorista que fechou sua frente no trânsito?
  • Uma cunhada que maldisse você?
  • Um colega do trabalho que defende um partido político diferente do seu?

Começando pelas coisas pequenas do dia a dia, nunca perca a chance de liberar perdão.

Isso nos leva a lição #5: aproveite as oportunidades de perdão.

#5 Aproveite as oportunidades de perdão

Já aconteceu alguma vez de você pôr a meia, calçar o tênis e depois de um tempo perceber que tinha ficado uma pequena pedra dentro da meia?

Uma vez aconteceu comigo e isso me perturbou o dia todo. Por preguiça ou negligência (tirar tênis e a meia para tirar a pedra ia dar um trabalhão) eu deixei aquilo de lado e o dia inteiro a pedra ficou incomodando.

Não era um incômodo tão grande, mas era persistente.

A falta de perdão é como uma “pedra no sapato”. Aquele problema fica ali pendente, machucando e tirando sua paz. Você até consegue viver com aquilo, mas incomoda.

Um dia você está no supermercado e a pessoa que o ofendeu passa bem do seu lado e vocês não trocam uma palavra (no máximo, sai aquele sorriso amarelo).

No outro dia, você a vê no Shopping e se vê mudando de direção para que a pessoa não lhe veja. Antes de dormir, você pensa na pessoa e isso tira a sua paz. Esse incômodo não vai sair de sua vida se você não decidir parar para tirar a “pedra do sapato”.

Você precisa aproveitar as chances de acerto que a vida (ou o Senhor) providencia!

José aproveitou a oportunidade que teve de se acertar com os irmãos. Imagine por quanto tempo isso o incomodou! Quando teve a oportunidade ele a agarrou com os dois braços.

O general inglês James Oglethorpe, do século 17, costumava dizer: “Nunca perdôo”. John Wesley, pai da igreja metodista, uma vez o respondeu: “Espero que você nunca peque”. Wesley sabia que aquele que muito perdoa, muito é perdoado.

Uma pessoa que não libera perdão vive incomodada. Ela vive se escondendo, evitando pessoas, lugares e situações. Pense no quão terrível é uma mágoa na família que impede a comunhão familiar. Certamente, você já passou por alguma situação de dizer: “Não posso ir àquele lugar porque fulano estará lá”. Que prisão!

Para se ver livre disso, aproveite as oportunidades de “tirar a pedra no sapato”. Aproveite todas as chances que você tem de acertar suas pendências com as pessoas.

Seja prático! Hoje temos WhatsApp, Telegram e Messenger. Envie uma mensagem dizendo: “Fulano, preciso falar com você”. Tenha coragem e isso vai ser cura para sua vida.

“Ramon, o que fazer quando não há oportunidade?”

Em certas ocasiões, pode ser que a pessoa com quem tenho pendência não queira contato ou até mesmo esteja falecida. Pode até ser que a pessoa seja próxima de você, mas não há nenhum arrependimento da parte dela. O que fazer então?

O teólogo Champlin dá uma dica:

O perdão deve funcionar mesmo na ausência de arrependimento.

Russel Champlin

Quando não é possível o contato com o ofensor/ofendido a recomendação é que a pessoa busque um acerto direto com Deus. Em caso de uma pessoa já falecida o processo de perdão ocorre do lado de quem está vivo. É um acerto que acontece dentro do coração da pessoa, em que ela libera sinceramente toda a dívida de quem já foi e recebe o perdão de Deus.

Tanto faz se a parte ofensora está viva ou não, em último caso o perdão é o que vem Deus. Basta sinceramente pedir perdão diante Dele e seguir com a vida, sem culpa e sem qualquer pendência. Se pensar que precisa de ajuda no processo, compartilhe com alguém de confiança que possa lhe ajudar.

Agora, se você tiver oportunidade de se acertar com quem lhe feriu, faça isso. Se não tiver oportunidade, crie-as!

#6 Você não foi criado para morar no poço

Como perdoar: não acelere e não atrase o processo de perdão.
Há o tempo para cura e perdão.

José beijou todos os seus irmãos e chorou, abraçado com eles. Depois, os seus irmãos falaram com ele.

Gênesis 45:15

Um lição que aprendi sobre feridas e perdão é essa: uma grande ferida exige mais tempo para curar e cicatrizar.

Dependendo da forma como ofenderam você é normal haver um tempo maior para curar (semanas, meses e, como no caso de José, se passaram anos). Passou um bom tempo até acontecer o acerto final entre José e seus irmãos (mais de 13 anos). Portanto, em alguns casos não adianta acelerar o processo.

Não acelere o processo

Não adianta querer curar rápido uma ferida muito grande e muito recente. Por exemplo, o marido trai a esposa e exige restauração instantânea. Aí, sai falando para os outros:

“Tá vendo, pedi perdão, mas ela não quer me perdoar”.

Não é assim. Em situações mais complicadas é necessário “ler as situações” e saber se movimentar com sabedoria.

Muita gente me pergunta sobre como perdoar uma traição, por exemplo. Não há uma fórmula secreta para isso. Aliás, não há uma fórmula secreta para qualquer tipo de perdão. Perdoar é uma decisão, mesmo que seja necessário algum tempo para “baixar a poeira” e realizar o acerto.

Se você foi ferido com gravidade, provavelmente há um tempo de dor que você enfrentará. Faz parte do processo de cura e cicatrização. Se foi você quem gravemente feriu alguém, respeite o tempo e saiba quando buscar o perdão.

Não atrase o processo

Se por um lado devemos esperar um certo tempo até o acerto, por outro não podemos nos acostumar a ficar no poço. Você até pode ser lançado no poço, mas não nasceu para morar no poço!

Existe tempo adequado para todas as coisas, inclusive “[…] tempo de curar […]” – Eclesiastes 3:3.

Não é sábio decidir se acostumar com um problema que deveria ser passageiro. Um filho de Deus não deve viver com o coração cheio de mágoa e ressentimento.

Se o tempo da cura está chegando, se a cicatrização estiver acontecendo vá preparando seu coração para liberar a pessoa da dívida que ela fez com você.

Não estou dizendo que é fácil, mas esse é o caminho a seguir. Eu mesmo já tive que passar por essa experiência algumas vezes na vida. Não é fácil, mas é necessário.

Gosto muito dessa frase:

Embora as feridas não tenham sido culpa sua, a cura é responsabilidade sua. Embora seu passado possa não ter culpa sua, o seu futuro é responsabilidade sua.

Erwin MacManus

Se o tempo chegou, livre-se dessa prisão. Você não nasceu para morar no poço. O poço é apenas um lugar temporário para levar você ser impulsionado para um nível mais elevado.

Caso você queira vencer a procrastinação no processo de perdão, recomendo o artigo: Como Não Procrastinar e Desbloquear Seu Crescimento.

Só não fique adiando o que não precisa adiar.

Deus tem para você um propósito maior do que um poço escuro e isso nos leva à última lição:

#7 O poço prepara você para um legado maior

Deus me enviou adiante de vocês, para que fosse conservado para vocês um remanescente na terra e para que a vida de vocês fosse salva por meio de um grande livramento. Assim, não foram vocês que me enviaram para cá, e sim Deus, que fez de mim como que um pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito.

Gênesis 45:7,8 (grifo meu)

É muito interessante ver como José tinha consciência da soberania de Deus em todas as situações difíceis que passou. Em nenhum momento ele imputou culpa aos irmãos por ter sido lançado no poço e ter sido vendido como escravo. Muito pelo contrário, ele afirma que foi Deus quem o havia trazido para o Egito.

Dificilmente, temos uma visão tão elevada quanto a de José quando somos lançados no poço. Quando somos ofendidos rapidamente imputamos culpa aos nossos agressores. Não percebemos que as situações que passamos podem ter propósitos maiores do que imaginamos.

O que aconteceria se José não tivesse perdoado os irmãos? O que aconteceria se ele ficasse magoado ou ressentido e decidisse se vingar dos irmãos?

Vamos fazer um rápido exercício de causa e efeito:

  • Provavelmente, os irmãos de José seriam mortos.
  • Como José já vivia como um egípcio, seus filhos seriam criados como egípcios.
  • Com Jacó morto, os irmãos de José mortos e José vivendo como egípcio, seria o fim do povo de Israel.
  • Não haveria o povo hebreu escravizado no Egito.
  • Não haveria Moisés libertando o povo.
  • Não haveria povo de Israel entrando na Terra prometida.
  • Não haveriam os juízes, Saul, Davi, Salomão e os demais reis.
  • Não haveria o nascimento de Cristo e ele não morreria por nós.

É claro que isso é só um exercício de causa e efeito, do ponto de vista da lógica humana. Sabemos que até os menores detalhes estão debaixo da permissão de Deus (Mateus 10:29).

O que desejo ressaltar é que o acerto de José com seus irmãos não foi um mero acerto familiar, mas um acontecimento com desdobramentos que nos afetam até hoje!

A história de José nos ensina que o processo de acerto não é apenas entre duas pessoas, mas pode ser o começo de muitas outras histórias que cumprirão os propósitos eternos de Deus lá na frente.

Imagine quantas coisas maravilhosas são perdidas quando há uma mágoa entre duas pessoas. Imagine dois irmãos que se brigam na adolescência e levam mágoa para a vida adulta. Eles casam e constituem família, mas por causa da dívida que têm suas famílias crescem separadas.

Os filhos, netos e bisnetos não têm relacionamento e crescem separados, como desconhecidos. Tente imaginar quantas coisas boas são perdidas por causa da falta de perdão.

Por outro lado, quando há acerto, imagine quantas coisas boas podem surgir disso. O processo de perdão que você terá que passar não é apenas um processo duro e de humilhação, mas pode ser o ponto de partidas de lindas histórias que você viverá em breve.

Minha família é um exemplo disso. Hoje, conduzimos uma vibrante igreja que tem sido sal e luz em nossa cidade. Contudo, nossa história é recheada de lutas e perseguições (como a história de qualquer comunidade cristã, eu suponho).

O que aconteceria se estivéssemos desistido de nosso chamado por causa de perseguições, ofensas e traições? Não sei onde estaríamos, mas quando vejo onde chegamos me alegro por não termos desistido.

O poço prepara você para um legado maior.

As dores que você vencer serão a ignição de histórias lindas e abençoadoras, que poderão tocar muitas pessoas no futuro. Por isso, digo: vale a pena lutar pelo acerto. O perdão vale a pena!

Finalizo este artigo com um trecho do livro A Última Flecha, de Erwin MacManus:

O que fazemos nessa vida tem implicações infinitas, nossas histórias são maiores que a História. Nossas histórias não terminam quando morremos, elas são apenas o começo de histórias muito maiores. Você precisa viver como se sua vida dependesse disso porque nunca é somente a sua vida que está envolvida.

Erwin MacManus

Nunca mais esqueça: o poço prepara você para um legado maior do que você imagina. Que o Senhor lhe ajude a liberar perdão e se acertar com quem precisa.

Vai ser libertador!

Resumo: sobre perdão e como perdoar

Como perdoar e viver longe de mágoas
Como Perdoar: As 7 Lições do Poço Escuro (Resumo).

Chegamos ao fim de mais um estudo. Espero que a jornada tenha sido edificante para a sua vida. Se precisar de mais informações conecte-se comigo pelos seguintes canais:

Vamos agora ao resumo com os melhores pontos do artigo:

  • José tinha de tudo para ter o coração ferido e magoado, mas escolheu o caminho do perdão.
  • Ser lançado no poço da ofensa não é exclusividade de José. Todos seremos ofendidos e também seremos ofensores de alguém.
  • A dor que Deus permite é a dor do crescimento.
  • Antes de cada salto na vida, José passou por um processo de humilhação.
  • Estamos a caminho da Nova Jerusalém, um reino perfeito e puro. É um reino feito de perdoados e perdoadores.
  • Se não perdoarmos, não receberemos perdão de Deus (Marcos 11:26).
  • Nunca se considere “bom o bastante” para não perdoar.
  • O maior motivo que impede as pessoas de perdoarem é o orgulho.
  • Quantas vezes devemos perdoar? Quantas vezes forem necessárias. Cristo removeu todos os limites do perdão.
  • Não esqueça sua identidade em Cristo. Caminhe firme e não se deixe abalar facilmente por ofensas infundadas.
  • Comece aprendendo a perdoar pequenas coisas. Se você não perdoar as pequenas coisas, como perdoará as grandes ofensas?
  • Aproveite as oportunidades de acerto que aparecem em sua vida.
  • Tire a “pedra no sapato”: não seja negligente, resolva o que precisa ser resolvido.
  • Quem muito perdoa, muito é perdoado.
  • Se a pessoa não se arrepende do mal que lhe fez ou se você tem um problema com quem já faleceu, resolva a questão diretamente com Deus. Dobre os joelhos, peça perdão e siga a vida sem culpa.
  • Sobre o processo de perdão: (1) não acelere o processo e (2) não atrase o processo. Aprenda a se movimentar com sabedoria. Você não nasceu para morar no poço, portanto não tenha feridas de estimação.
  • O processo de acerto entre duas pessoas pode ter grandes desdobramentos. Pode ser o começo de histórias que cumprirão os propósitos de Deus lá na frente.

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Deus lhe abençoe e #boracrescer,
Ramon Tessmann

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